Nos últimos anos, o ambiente corporativo tem sido inundado por uma verdadeira chuva de jargões e, em particular, por uma avalanche de palavras em inglês. Termos como CEO, CFO, Head, mindset, leads, know-how, benchmark, brainstorm, briefing, follow-up, deadline, kick-off, team building, think outside the box, squad e sprints, skills tornaram-se onipresentes em reuniões, e-mails e apresentações. Embora, em alguns contextos específicos, possam ter sua utilidade, a proliferação excessiva dessas expressões levanta questionamentos importantes sobre o que realmente valorizamos e priorizamos no mundo dos negócios.
Será que essa obsessão por uma linguagem “moderna” e, muitas vezes, inacessível, não está nos afastando do básico, do cuidado com as pessoas e daquilo que verdadeiramente gera resultado sustentável? Em meio a essa neblina de termos técnicos e anglicismos (A necessidade de termos novos), corremos o risco de perder de vista a essência de qualquer organização: A conexão humana, a comunicação clara e o foco em soluções e resultados práticos reais. As pessoas muitas vezes irão colher frutos de uma cultura fraca e uma liderança desconectada, com o famoso “FALAR MUITO E DIZER POUCO“.
A Ilusão da sofisticação e o afastamento da praticidade.
A utilização constante de jargões e palavras em inglês pode, superficialmente, transmitir uma imagem de sofisticação e modernidade. No entanto, essa fachada muitas vezes esconde uma comunicação ineficaz e, pior, a negligência de aspectos fundamentais para o sucesso de qualquer organização.
Barreira na comunicação: A linguagem excessivamente técnica e estrangeira cria barreiras na comunicação, especialmente para aqueles que não estão familiarizados com esses termos. Isso pode levar a mal-entendidos, perda de informações importantes e, consequentemente, a erros e retrabalho. A clareza e a simplicidade deveriam ser pilares da comunicação empresarial, garantindo que todos os membros da equipe estejam na mesma página.
Desconexão humana: O foco excessivo em terminologias complexas pode desviar a atenção do que realmente importa: as pessoas. Equipes são formadas por indivíduos com diferentes experiências e níveis de conhecimento. Uma linguagem que exclui ou intimida pode minar a colaboração, a confiança e o senso de pertencimento. O cuidado com as pessoas passa por uma comunicação acessível e inclusiva.
Perda de foco nos resultados: A busca incessante por aplicar a “última tendência” ou o “termo do momento” pode nos afastar do foco em resultados tangíveis e significativos. Gastamos tempo e energia tentando implementar metodologias complexas e adotar jargões em vez de nos concentrarmos em entender as necessidades dos clientes, otimizar processos e entregar valor real.
O resgate do básico: Pessoas em primeiro lugar.
Em contrapartida a essa onda de complexidade linguística, emerge a urgência de resgatar o básico. Isso significa colocar as pessoas no centro das decisões e das estratégias. Uma cultura empresarial saudável é construída sobre a empatia, a escuta ativa, o reconhecimento e o desenvolvimento dos talentos internos.
Liderança humanizada: Líderes eficazes são aqueles que se comunicam de forma clara e inspiradora, que valorizam o feedback de suas equipes e que criam um ambiente de trabalho onde todos se sintam seguros e motivados a contribuir. Uma liderança genuína se preocupa com o bem-estar de seus colaboradores e entende que o sucesso da empresa está diretamente ligado à felicidade e ao engajamento de suas equipes.
Comunicação transparente e direta: A comunicação interna e externa deve ser pautada pela clareza e pela objetividade. Evitar jargões desnecessários e explicar conceitos de forma simples garante que a mensagem seja compreendida por todos, facilitando a colaboração e alinhando os objetivos.
Foco no impacto real: As empresas de sucesso são aquelas que se concentram em gerar um impacto positivo, seja para seus clientes, para a sociedade ou para o meio ambiente. O foco nos resultados deve ir além dos indicadores financeiros, abrangendo a satisfação do cliente, a qualidade dos produtos e serviços e o bem-estar dos colaboradores.
Simplificar para multiplicar: O caminho para resultados sustentáveis
A verdadeira inovação muitas vezes reside na simplificação. Descomplicar processos, tornar a comunicação mais direta e focar no que realmente importa são atitudes que podem gerar resultados mais significativos e duradouros.
Priorização do essencial: Identificar as atividades e os projetos que realmente agregam valor e direcionar os esforços para eles é crucial. Eliminar a burocracia excessiva e os processos desnecessários libera tempo e recursos para o que é fundamental.
Valorização do conhecimento prático: O saber genuíno reside na experiência prática e no conhecimento tácito das equipes. Valorizar e compartilhar esse conhecimento é fundamental para a inovação e a melhoria contínua.
Construção de equipes fortes: O verdadeiro team building não se resume a dinâmicas pontuais, mas sim à construção de relações de confiança, respeito e colaboração dentro da equipe. Investir no desenvolvimento das habilidades individuais e coletivas é essencial para alcançar resultados superiores.
Conclusão: Desmistificando o linguajar corporativo.
A obsessão por jargões e palavras em inglês no mundo corporativo pode criar uma ilusão de modernidade, mas muitas vezes nos afasta do essencial: O cuidado com as pessoas, a comunicação clara e o foco em resultados reais. É hora de desmistificar esse linguajar excessivamente técnico e resgatar a simplicidade, a empatia e a conexão humana como pilares de uma cultura empresarial saudável e de sucesso.
Ao priorizarmos o básico, ao investirmos no bem-estar e no desenvolvimento de nossas equipes e ao nos comunicarmos de forma transparente e direta, estaremos construindo empresas mais fortes, mais humanas e, consequentemente, mais eficazes na busca por seus objetivos. Que a próxima “reunião” seja menos sobre decifrar um dicionário de termos corporativos e mais sobre construir juntos, com clareza e foco no que realmente importa.